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Há 41 anos, estreava "Irmãos Coragem"


Há 41 anos, a TV Globo estreava "Irmãos Coragem", um grande sucesso assinado por Janete Clair. Mas qual eram as razões para que se diga até hoje que a trama atraía o público? Se quiser, confira no YouTube ou na série completa que a emissora acaba de lançar em uma caixa de DVD com 28 horas de capítulos compactados. Em primeiro lugar, podemos citar a voz impactante de Jair Rodrigues cantando a principal canção da trilha sonora, que levou o mesmo nome da novela. Mesmo em preto e branco, as imagens transmitiam emoção, algo que sumiu da TV atualmente. Que diferença! Era bonito assistir à atuação de Tarcísio Meira, ou melhor, o garimpeiro João, se encontrando com seu grande amor, Lara (Glória Menezes). Dois jovens, já com certa experiência televisiva, traziam doses de verdades e sonho. A direção de Daniel Filho - e depois de Milton Gonçalves - enquadrava o rosto dos atores. Segundo Daniel, na época não se retirava a câmera enquanto o público estivesse acompanhando a ação do intérprete em close.


Velhos tempos aqueles em que era possível escrever cenas de uma mulher que se dividia em três personalidades diferentes - Diana (a mais fogosa), Márcia (normalzinha) e Lara (a tímida). Isso sem fazer com que o público se confundisse ou reclamasse da veracidade daquela enfermidade. Grande mestre que era, Janete Clair usava os fatos do cotidiano e ia além. A autora usou a paixão pelo futebol - Cláudio Marzo era Edu, jogador do Flamengo - para, finalmente, tentar conquistar a audiência masculina, ainda envergonhada de assumir que assistia às novelas. Não deu muito certo, porque Marzo não jogava nada e ainda tinha uma barriguinha pouco convincente.



A presença de Regina Duarte na trama, a Ritinha, mulher de Edu, iluminava a cena. Segundo Daniel Filho, não havia sorriso mais lindo que o dela. Não foi à toa que Regina se tornou a namoradinha do Brasil. Só poucos sabiam que ela estava grávida de seu primeiro filho. A saída de Janete foi fazer com que sua personagem também engravidasse. Um mês depois do resguardo, a atriz voltou ao batente, amamentando o filho nos intervalos.



Foi uma a novela comprida, que ficou um ano no ar, de julho de 1970 a julho de 1971. Ela iniciava a fase industrial de produção, mesmo sem tratamento das imagens e sem os milhões de recursos técnicos disponíveis no século XXI.



Três irmãos no garimpo (o terceiro era Cláudio Cavalcanti, o Jerônimo) enfrentavam os desafios e a inveja provocada por aquele diamante valioso encontrado por João em Coroado. A cidadezinha do Centro-Oeste era, na verdade, um matagal que ficava em frente à Fazenda Clube Marapendi, na Barra da Tijuca, bairro ainda desabitado na época. Pois essa área serviu muito bem para a primeira grande cidade cenográfica construída pela TV brasileira. A Excelsior já tinha tentado fazer algo assim na novela "Redenção", mas a ruazinha não podia ser comparada aos cinco mil metros quadrados com oito ruas, igreja, prefeitura, praça, delegacia, pensão, escola, mercearia e bares de "Irmãos Coragem".



Valeu a pena o investimento de R$ 100 mil na novela: a TV Globo estava no caminho certo, o retorno era garantido. O público queria ver de perto a cidade de Coroado, aberta por um porteiro que faturava ao cobrar um dinheirinho dos curiosos de fim de semana. Que delícia os velhos tempos em que ainda era possível fazer certo tipo de ousadia, aventura proibidíssima atualmente no Projac, a nossa Hollywood de Jacarepaguá.



Novela tipo bangue-bangue, com cara de Brasil, com direito à mãezona interpretada por Zilka Salaberry (a antiga bruxa do Teatrinho Trol e dona Benta, do "Sítio do Pica-pau amarelo"). Janete admitiu que se inspirara na peça "Mãe Coragem", de Bertolt Brecht, para criar Sinhana, a "mãe universal". Quando o filho João foi preso, foi ela quem liderou o movimento dos garimpeiros. Para a coluna que eu assinava no Jornal do Brasil, a atriz lembrou uma cena singela. Quando Sinhana foi visitar pela primeira vez o filho Edu no Rio, a personagem não quis subir de jeito nenhum a escada rolante da rodoviária. Tinha medo!



O diamante gigantesco chamou a atenção de muita gente, principalmente do dono da terra, o coronel Pedro Barros (Gilberto Martinho). O público via a novela e torcia em meio a tiros, cavalos, riachos e várias palpitações. Com 80 pontos no Ibope, num determinado capítulo a novela teve mais audiência do que o jogo Brasil x Itália durante a Copa do Mundo! Inacreditável.

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